quarta-feira, 18 de julho de 2018

SÍNTESE (A ALVORADA)

Tudo cru
e meus sonhos queimados com fermento
açúcares falsos e diabetes derradeiras
falta de ar
mais um menino jogado à asma e ao sereno
sereno tento
mas do alto da desatenção
o desengano me faz querer voar de encontro ao vento

E quanto ao vento
parece que ele me sopra pra longe de mim
e toda minha vida passou voando
como um pássaro tentando
quebrar as grades da gaiola
e quando rompem-se as correntes
as asas e as patas
as dores e as mágoas
te aprisionam ainda mais
que as masmorras e as escolas

E quanto às asas
sempre disseram para sempre podá-las
para que então eu aprendesse como deveria usá-las
E quanto às patas
sujas de barro e atrofiadas
quando eu mesmo me disse como amputá-las e suturá-las
E quanto às mágoas
Ilusões válidas e inadequadas
ressentimentos comumente associados aos arrependimentos e as dores
Quanto as dores
em seus caminhos infinitos
sangue e lágrimas
carcaças
cemitérios
medalhas
transformar esses venenos em água
ou acabar sucumbindo
À morte contra a vida.

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