SÍNTESE
(A ALVORADA)
Tudo
cru
e
meus sonhos queimados com fermento
açúcares
falsos e diabetes derradeiras
falta
de ar
mais
um menino jogado à asma e ao sereno
sereno
tento
mas
do alto da desatenção
o
desengano me faz querer voar de encontro ao vento
E
quanto ao vento
parece
que ele me sopra pra longe de mim
e
toda minha vida passou voando
como
um pássaro tentando
quebrar
as grades da gaiola
e
quando rompem-se as correntes
as
asas e as patas
as
dores e as mágoas
te
aprisionam ainda mais
que
as masmorras e as escolas
E
quanto às asas
sempre
disseram para sempre podá-las
para
que então eu aprendesse como deveria usá-las
E
quanto às patas
sujas
de barro e atrofiadas
quando
eu mesmo me disse como amputá-las e suturá-las
E
quanto às mágoas
Ilusões
válidas e inadequadas
ressentimentos
comumente associados aos arrependimentos e as dores
Quanto
as dores
em
seus caminhos infinitos
sangue
e lágrimas
carcaças
cemitérios
medalhas
transformar
esses venenos em água
ou
acabar sucumbindo
À
morte contra a vida.

Nenhum comentário:
Postar um comentário